sexta-feira, 30 de julho de 2010

Dois comentários póstumos

1) O treco que eu comprei pra limpar o Miles é uma porcaria. É uma gosma que lembra muito aquelas gelecas que as crianças tinham antigamente (na verdade é exatamente igual, mas fede a álcool) e que a gente gruda no teclado pra pegar a sujeira. Não funcionou.

2) Enquanto eu tava lá pelo centro prestei atenção nas lojas de roupas e entendi por que todo mundo usa roupas da universidade: é só o que tem! Tem uma loja da universidade no centro que vende as tais roupas (as mesmas que tem na loja do Stamp), tem uma outra loja no centro que não é da universidade mas que também vende roupas da universidade (tem outras coisas também, daquelas bem horríveis que passa no Esquadrão da Moda), e tem uma loja da Adidas. E só. Meio que o cara fica sem opção, né?

Consegui o roll-on!

Finalmente um dia agradável em College Park! Tava 22ºC quando eu acordei e não passou dos 30ºC. Fui pro laboratório de calça porque não agüento mais me congelar lá dentro, e saí ao meio-dia e às três da tarde e não passei calor na rua, mesmo tendo caminhado no sol. Uma bênção!

Ao meio-dia eu saí pra me embarafustar pelas prateleiras da McKeldin. Delícia! Fui pra pegar umas coisas e acabei achando outras ainda melhores. Saí de lá com quatro livros debaixo do braço e uma consciência cada vez maior de que eu não vou conseguir usufruir nem 5% do que a biblioteca me oferece.

De tarde fui pro centro pra comprar água. Sim, a minha água de casa tá sempre acabando. Aproveitei pra passar na loja de eletrônicos e comprar um limpador pro meu computador. Finalmente o Miles* vai poder tomar um banho! Depois fui na CVS pegar água e garimpar um sabão em barra ou um daqueles líquidos pra lavar calcinha no banho e um desodorante roll-on. Fiquei meia hora rodando todas as prateleiras, bisbilhotando absolutamente tudo nos mínimos detalhes. Resultado: achei um roll-on hipoalergênico sem perfume de marca desconhecida e só. E a água, claro. Aproveitei também pra pegar uma escova de dentes porque vi que tinha a que eu gosto.

Subi de volta pra universidade com o galão de água (um galão tem exatos 3,73l) e só no meio do caminho lembrei que tinha os livros também pra levar pra casa. Graças a essa combinação de fatores, descobri o melhor jeito possível de vir pra casa: pegar o shuttle que passa praticamente na frente do Marie Mount, fazer a volta com ele e descer praticamente na frente de casa. Pronto, podem me chamar de sedentária, mas é isso mesmo que eu vou fazer. Isso implica necessariamente ficar no laboratório até quase às seis da tarde, o que hoje significou ser a última a ir embora. Mas tudo bem, melhor isso do que camelar sacola pesada no sol pra cima e pra baixo. E além de tudo ainda pude sentir novamente a delícia de chegar em casa e o apartamento estar fresquinho porque o ar condicionado funciona. Não tem preço.

Ah, e fazendo a volta com o shuttle passei na frente de umas partes do campus que eu não conhecia ainda, como a Campus Farm, que é a fazenda (!) do campus. Sim, tem vacas e tudo o mais. Sim, as vacas são ordenhadas e do leite delas é feito um sorvete que a gente pode experimentar no centro de visitantes. Preciso ir tirar fotos da fazenda E provar o sorvete qualquer hora dessas. Ouvi dizer que é muito bom.

Notícia esquilística do dia: descobri que o guincho que eu escuto todo dia não é de algum passarinho exótico. É o barulho dos esquilinhos. Agora tudo faz sentido na minha vida.

* Pra quem não sabe, o Miles é o meu computador.

Milagres acontecem

Ontem eu voltei pra casa cedo. O trabalho não tava rendendo porque eu tava caindo de sono, porque não tinha dormido direito, porque o ar condicionado pifou e não tinha vento e eu quase morri de calor. Na verdade eu ontem só vim pro laboratório porque aqui tem ar condicionado ligado no talo e em casa não ia dar pra agüentar. Ok, mesmo com todo o sono eu até consegui trabalhar um pouco de manhã, e, claro, se eu não tivesse vindo não teria tido o imenso prazer de ver o Lasnik em carne e osso parado na minha frente. Ele sorriu pra mim, me deu oi (com uma cara de "quem será essa pessoa?", mas tudo bem) e eu quase me mijei de emoção. Obviamente não tive coragem de me apresentar, mas sorri educadamente e dei oi.

Também almocei com o Norbert e ficamos falando de política, (mal) da Dilma, do Serra, (mal) do Lula, do FHC, (MUITO mal) do Pró-Uni, das leis bizarras que tem aqui e mais um monte de coisa. Eu explicando pra ele como funciona o Pró-Uni e sua nova versão, o Reuni, e falando dos planos da Dilma de fazer a mesma coisa com as escolas públicas caso ela se eleja, e ele só me dizia "mas isso não faz sentido!", "mas isso é uma estupidez!". Foi engraçado.

Mas aí de tarde choveu e eu achei que podia ter refrescado e me mandei pra casa mais cedo. Não tinha refrescado e eu já tava arrependida de ter saído do laboratório pra morrer de calor em casa, mas aí cheguei, liguei o ar e por um milagre divino tava funcionando! Liguei no máximo dos máximos, tomei um banho de 40 minutos, comi e me atirei na cama. Dormi feito um anjo e hoje tou me sentindo outra. Deus abençoe o ar central!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Café

Hoje eu inaugurei outro café. O nome parecia promissor: Folgers Gourmet Supreme, forte e encorpado, torragem escura. Realmente, é melhor do que o outro que eu tinha comprado, até dá pra tomar puro sem fazer cara de nojo. Mas eu tou quase vendendo a alma por um pacote de Melitta® forte mesmo assim. Não adianta, não é a mesma coisa. A moagem do café daqui é bem diferente, mais grossa, a cor do pó não é homogênea, e as instruções dizem "use uma colher para uma dose de 177ml". Por isso que a latinha é pequena: segundo o fabricante, 393g fazem 90 xícaras de café de 177ml! Eu tomo café com leite de manhã e mesmo assim uso mais ou menos três colheres cheias pra fazer duas xícaras de café. Não dá pra respeitar um povo que toma café desse jeito...

Fotos pra vocês verem a embalagem e o pó:

The Police

Essa noite eu não dormi. Quer dizer, eu deitei, fechei os olhos e até acho que sonhei. Mas acordei um milhão de vezes durante a noite, suando muito. Ar condicionado ainda pifado e nem um ventinho entrando pelas janelas. Triste, muito triste.

Pulei da cama às sete e meia, como sempre, achando que eu ia desmaiar de tanto calor. Suei muito pra tomar café da manhã, mas tomei, afinal eu sou brasileira e não desisto nunca. Peguei carona com a Azadeh e vim mais cedo pra universidade, melhor ficar congelando no CNL do que fritando em casa. E aí aconteceu a coisa mais surreal do mundo: um carro da polícia começou a nos seguir. A Azadeh gelou, mas eu tava bem sossegada achando que devia ser coincidência. Pois quando ela entrou no estacionamento pra me largar o carro da polícia veio seco atrás e ligou aquele carnaval de luzes. Por um segundo pensei: é hoje que eu vou presa. Lembrei de todos os policiais carrancudos e grossos que a gente vê nos filmes e seriados e aí concluí que eu tava lascada mesmo.

Mas no fim não era nada, ele só queria notificar que ela tava com a luz do freio queimada. Falou pra ela ficar tranqüila que não ia rolar multa nem nada e foi bem simpático e sorridente. E no final deu "bom dia" pra ela em persa! Não, ele não era persa e não é fácil reconhecer um persa só de olhar (esse povo do oriente médio é todo meio parecido). Muito esperto!

Moral da história: tive minha primeira experiência com a polícia e saí sem traumas, felizmente. Grande vitória pessoal, pois como muitos de vocês sabem eu morro de medo de polícia. E ainda cheguei no CNL e botei um The Police pra ouvir.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Where's the fire?

Faz pouco tempo que eu tou aqui, mas já deu pra entender a motivação por trás dessa expressão, que é o equivalente deles pra "vai tirar o pai da forca?". Caminhões de bombeiro aqui fazem MUITO escândalo: além de ter uma sirene igual às dos caminhões de bombeiro do Brasil, eles buzinam horrores e tem um milhão de luzes multicoloridas que ficam piscando de um jeito tão irritante que deve causar convulsões se alguém se atrever a olhar muito tempo. E não é só caminhão de bombeiro não, os carros da polícia também têm muito mais luzes do que os nossos. Essa foto eu bati da minha janela na segunda à noite:

Parece que tem cinco carros, mas é só um

Não sei o que é que a polícia tava fazendo aqui, mas não deve ter sido nenhuma ocorrência. Acho que tavam era multando algum carro estacionado em lugar proibido.

Ainda no quesito "curiosidades sobre os Estados Unidos", aqui todas as fechaduras trancam pra direita e destrancam pra esquerda. E as chaves entram de ponta-cabeça na fechadura. Eu SEMPRE me confundo! Pelo menos a porta do apartamento abre pra dentro e a porta do prédio, que abre pra fora, não tem tranca, senão ia ser um deus-nos-acuda.

Eu também pude notar recentemente que o estereótipo do gordinho branquelo nerd e do fulaninho metido a besta que joga no time de qualquer coisa da universidade, que a gente vê nos filmes, realmente existe. Só de olhar a gente reconhece a que "gangue" o indivíduo pertence. Se abrir a boca então é fatal. Concluí isso nas minhas incursões pelo Stamp, obviamente, porque no departamento de lingüística todo mundo é nerd mas não vi nenhum gordinho branquelo (só branquelos, eu inclusive) e obviamente ninguém joga porcaria nenhuma.

Outra coisa bacana é que o campus vive cheio de turistas. A universidade é um ponto turístico da região e tem guias preparados pra levar as pessoas pelos pontos importantes e explicar tudo sobre os prédios e etc. Acho que o pessoal que vai pra D.C. acaba vindo conhecer a universidade, o que é muito legal. Há de chegar o dia em que as universidades no Brasil vão virar ponto turístico.

No quesito "agruras da vida doméstica", eu tenho em casa um açúcar que não adoça (435g e não vai durar nem 3 semanas, e isso que eu tou usando só pra adoçar o café) e um sal que salga demais. É daqueles mais grossinhos, bem bonito e bem bom, mas pra quem tava acostumada com o sal light da Cisne, tou errando a mão sempre. O mix de pimentas com moedor daqui também é bem mais forte que o que eu tinha no Brasil. Por outro lado, queijo provolone aqui é mais barato que mussarela, e existe provolone não-defumado. O iogurte obviamente é mais gostoso que no Brasil. Sério, não é neura minha de achar que só no Brasil o iogurte não é bom. Comprei o Light & Fit da Dannon (aqui se escreve assim) e ele é bem melhor do que a versão brasileira. Ah, e a Azadeh tem uma faca da Tramontina. Falei pra ela que é feita no Brasil, no meu Rio Grande do Sul céu sol sul terra e cor, e ela ficou tri emocionada hehehehe.

Meu dia hoje foi bem bom: consegui montar as 432 sentenças do meu paradigma de coordenação (uma trabalheira desgraçada pra ter um exemplo de cada coisa que eu queria testar), peguei julgamentos do inglês sobre várias coisas com o pessoal do departamento, forneci dados do português brasileiro pra um colega do laboratório E (momento máximo e supremo que só será superado quando eu enxergar o Chomsky) vi o Lasnik!!! Sim, O Lasnik!!! O vice-pai da gerativa, O cara! Tava lá no escritório dele e eu passei na frente. Nem tive coragem de entrar e me apresentar, mas ai, que emoção mesmo assim!!

Notícia esquilística do dia: pela primeira vez vi um esquilo deitadinho. Achei que eles fossem incapazes de parar quietos (sério, eles são uns bichos muito agitados). Mas lá tava o bichinho, bem deitadinho no murinho na frente do Marie Mount. Pena que hoje eu não levei a câmera.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Fotos!

Área residencial de College Park (no lado oposto ao que eu moro)

Mais casinhas

Esquina da Campus Drive com a Adelphi Road (eu moro logo à esquerda na Adelphi)

UMUC (hotel na entrada do Campus, na Campus Drive)

Campus Drive na direção do Campus

Shuttle normal

Shuttle pequeninho (hoje peguei um desses)

M-Square (ponto de referência na universidade). Meu prédio é pra esquerda. Na rua que desce (atrás de mim) é a entrada principal do campus. Qualquer hora dessas vou lá tirar fotos do portal, que é lindo.

M-Square de ladinho

M-Square mais de ladinho ainda e o prédio da Física atrás

M-Square "discosta"

Health Center, na Campus Drive bem na frente do Stamp

Fachada do Stamp - aqui é o centro da Universidade

Entrada lateral do Stamp - normalmente entro por aqui


Hornbake Library (uma das 8, fica na Campus Drive pertinho do Stamp)

Campus Drive (centro da universidade em direção ao M-Square)

Marie Mount Hall - meu prédio - vista lateral


Frente do Marie Mount - tapado de árvores!

Agora sim, a fachada!


Igual às do Brasil, mas a cor é muito mais viva


Praça na frente do Marie Mount - na verdade fica entre o prédio da Administração e a McKeldin, o Marie Mount é um dos muitos prédios que ladeiam


McKeldin e a água


Mais McKeldin (pra quem não lembra, é A biblioteca)


McKeldin vista da frente do prédio da Administração

Administração


Administração de ladinho


A fachadona


Corredor e as portas do CNL


Hm... precisa legenda?


Os muito aguardados!


Pretinho!

Esse não quis posar pra foto

Shoppers

Consegui ir no Shoppers!! Finalmente! Acordei regulamentarmente às sete e meia e tomei café preto porque não tinha leite, depois um chá porque não tinha água. Comi bolacha porque o pão tava começando a mofar. Aí resolvi catar os horários certos do shuttle e fazer compras imediatamente. O problema é que ontem eu olhei os horários normais, e agora todos os shuttles estão em horário de verão; por isso mofei na parada e nada do bichinho passar. Mas hoje vi certo e consegui ir.

Na verdade dá pra ir a pé da minha casa. Deu até vergonha porque eu peguei ele num ponto e desci no seguinte (considerem que os pontos têm uma distância considerável, tá?), mas como o caminho é uma estrada (a 193, também chamada de University Boulevard) vai saber se tem calçada pros pedestres. Tem. Da próxima vez vou mais cedo pra não torrar no sol, e vou a pé.

Fiz um esquema maratona, porque só tem um shuttle que passa lá. Como os shuttles são circulares, ou eu pegava o mesmo que eu usei pra ir, ou só ia conseguir pegar a volta do próximo, que ia ser lá pela uma da tarde (eu cheguei no Shoppers às dez e vinte). Calculei, corretamente por sinal, que o bichinho ia passar de volta às onze e dez, então me atirei pra dentro daquele mercado como se não houvesse amanhã. Foi fácil porque não é muito grande e também porque não tinha lá muita variedade. Achei os preços parecidos com os do Giant e a qualidade do hortifruti bem pior, aliás foi o pior setor de hortifruti que eu vi até hoje, ainda bem que eu não precisava de quase nada e que o tomate italiano, que eu precisava, tava lindo de morrer. Comprei um monte, afinal eu ando vivendo de pasto desde que cheguei.

(A propósito, um breve comentário: eu vim pra terra do fast-food, onde todo mundo é obeso e não cuida da saúde, e milagrosamente acordo cedo todo dia e tenho me alimentado exemplarmente bem. Freud deve ter explicação pra isso.)

Coisas que eu não consegui achar em nenhum supermercado ou farmácia daqui: sabão em barra e desodorante roll-on. Só tem sabão pra máquina de lavar roupa, pra máquina de lavar louça e detergente pra pia. Eu pre-ci-so de um sabão em barra pra lavar minhas roupas íntimas na pia do banheiro e não tem cristo de achar! Desodorante só tem aqueles de stick, que eu acho nojentérrimo, e os de aerossol, que deixam a roupa toda engomada. Alguém me manda um de cada via Fedex? Nivea Pure ou Sensitive roll-on e uma barra de sabão de côco ou glicerina daquelas que não desmancha rápido. Obrigada.

Também aparentemente não existem vassouras, rodos e panos de chão pra vender por aqui. Tem só aqueles "paninhos" descartáveis que só muito recentemente começaram a aparecer no Brasil e seus milhões de apetrechos. Acho que as pessoas aqui não sabem o que é um pano de chão. Juro.

Ah, e esse lugar que eu fui hoje não é uma farmácia, é um mercado mesmo. Consegui quase tudo o que eu queria, algumas coisas não exatamente como eu queria, mas consegui duas façanhas (bem, três se a gente contar que eu consegui, de fato, chegar lá): pagar no cartão de débito e pegar o mesmo shuttle que me levou. Vitória! É engraçado porque a gente anda um tempo no meio do nada, só tem mato em volta da estrada, e daí do nada aparecem umas casas e um centro comercial, que aqui eles chamam de Plaza (o de hoje era o Adelphi Plaza, mas também já mencionei no blog o Prince George's Plaza, onde eu fui comprar coisas pra casa). Daí a gente vê que logo ali acaba a civilização e tome mato de novo. Bizarro.

Acabei almoçando em casa mesmo e agora tou no CNL pronta pro trabalho. Como finalmente nublou, eu trouxe a câmera e fotografei um pouco do campus. Aguardem o post da noite com as fotos, porque agora tá na hora de cair matando no trabalho!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Tricolor Marilandiano

Finalmente um dia quase agradável! A temperatura não passou dos 31 graus o dia todo, felizmente. De manhã tava até agradável na rua, tinha uma brisinha gostosa. Compensou o calorão que eu passei de noite. Sim, essa noite pela primeira vez não consegui dormir cedo. Abri as duas janelas do quarto e deixei a porta aberta pra circular um ar, porque o ar não tá funcionando legal, mas mesmo assim não dormi bem. Acordei quinze pras nove, mais tarde do que o normal, mas consegui pegar o shuttle das 9:50. Só não tive todo o tempo de tomar café devagar, lendo as notícias, e depois me arrumar com tranqüilidade. Fez falta.

Antes de ir pro CNL eu dei uma passada no Stamp pra ir no banco, comprar um cabo pro computador e uma água. E concluí que eu adoro ir ao banco nos Estados Unidos! Pra começo de conversa tá sempre vazio: dois, três caixas abertos e nenhuma fila. E não me venham com a conversa de que é porque a agência é dentro da universidade, porque não é. Quem não acredita levanta a mão que eu eu conto quantas horas eu fiquei dentro da agência do Banco do Brasil da USP pra encerrar uma conta na véspera de vir pra cá. Em segundo lugar, os funcionários são muito sorridentes e simpáticos e sempre rola um papo bacana. Me sinto bem-recebida. É legal.

Na hora do almoço o pessoal que tava pelo CNL me chamou pra ir comer. Fomos no Food Co-op, um lugarzinho bem bacana no subsolo do Stamp que tem sanduíches e pratos quentes. Pedi um sanduíche cheio de salada por menos de US$3 e voltamos pra comer no cozinhão do CNL. Foi bacana porque tinha uma galera lá comendo e deu pra socializar mais. Por enquanto todo mundo tá me tratando superbem, e apesar de eu não estar ainda muito familiarizada com o modus operandi e com as pessoas tou me sentindo bem acolhida. E além de todo mundo saber quem é o Jairo (e quando me ouvem dizer que sou do Brasil logo perguntam se eu sou aluna dele), vários já foram pro Brasil e têm contatos acadêmicos por lá. O máximo!

Na hora da convocação da Seleção parei de trabalhar e entrei na globo.com pra assistir ao vivo (tecnologia é tudo). Vibrei silenciosamente quando ouvi os nomes do Victor, do Lucas e do Carlos Eduardo. Vim embora mais cedo na esperança de ir no Shoppers (uma farmácia que tem aqui mais perto de casa e dá pra ir de shuttle), mas o shuttle me deixou na mão e acabei ficando sem leite e com pouquíssima água em casa. Ah, quando desci do shuttle aqui na frente passou por mim um cara com a camiseta do Grêmio!!!! Fiquei tri emocionada, quase gritei "dá-lhe tricolor", mas fiquei com vergonha. E era camiseta das mais novas, com o patrocínio do Banrisul e tudo. Propaganda do meu time e do meu banco em College Park, ladies & gentlemen. Acho que amanhã vou sair com a minha.

Notícia esquilística do dia: como eu respondi pra Ana no post do temporal, não vi nenhum esquilo hoje. Temo que o temporal tenha causado baixas na população esquilística de College Park :(

domingo, 25 de julho de 2010

Bela imagem

Ah, sim: o temporal também proporcionou uma linda imagem no final da tarde:

Na minha janela

Quando eu não dou bola...

Hoje foi outro dia de um calor inimaginável. Suei o dia inteiro, mesmo com o ar ligado no máximo dos máximos, pouca roupa, pouco movimento e persianas fechadas. Fiquei por casa trabalhando, porque claro que eu não ia me aventurar a sair num calor desses. Claro. Aí lá pelas quatro da tarde eu fui na cozinha pegar água e notei que tava meio nublado. Voltei pro quarto e abri a persiana pra deixar entrar um pouco de luz, já que o sol tinha diminuído, e aí tcharans!, lá estava uma baita nuvona preta bem na minha frente. Nem deu tempo de pensar a respeito: na mesma hora deu uma pancada de vento daquelas e desandou água. Corri na cozinha e no banheiro pra fechar as janelas e fiquei "assistindo" a chuva da janela do quarto. Dessa vez era um temporal mais do jeito que eu tou acostumada: chuva forte, vento e uns raios esparsos. Nem fiquei com muito medo. Durou uns quinze, vinte minutos eu acho, depois já abriu um solzinho de novo e assim ficou até anoitecer. Algumas fotos pra vocês verem:

Chuvarada na janela

A rua encharcada

Como depois da chuva refrescou um pouco, resolvi passar umas roupas e dar uma reorganizada no quarto e no meu microcloset. A foto abaixo é pra vocês, minhas amigas telespectadoras brasileiras, morrerem de inveja das tábuas de passar que tem por aqui:

Se tem dessas no Brasil, eu nunca vi


Lá pelas tantas eu tive a impressão de que o calor tava aumentando de novo, mas achei que era porque eu tava me mexendo pra cá e pra lá. A Azadeh chegou em casa e não acreditou no calor que tava aqui dentro. Aí ligou pros caras da manutenção e eles disseram que muitos prédios aqui do Graduate Hills estavam sem luz por conta do temporal e que o problema no ar podia ser em decorrência do temporal também. Fui olhar na internet e, descontado o alarmismo que impera por essas plagas, parece que foi mesmo um dos temporais "mais violentos e destruidores dos últimos anos" na região de D.C.: 400 mil casas sem luz, uma morte (aqui em College Park mesmo), casas destruídas por queda de árvores, incêndios e sabe-se lá o que mais. E eu tranqüilona em casa achando que nem era tudo isso, vejam vocês. Mas pelo menos o calor diminuiu, não tem mais alerta de calor excessivo e parece que as tempestades já se foram também. Menos mal.

sábado, 24 de julho de 2010

Alalaô

Conforme o previsto, sem condições de sair hoje. 38ºC com sensação térmica de 42ºC e um sol assustador lá fora. Nem dentro de casa, com o ar ligado na potência máxima, a gente escapa do calor. E eu, claro, ainda inventei de fazer limpeza hoje e agora tou num estado lamentável. Vontade de encher a banheira com gelo e me jogar lá dentro. Jesus!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

College Park 40ºC

Hoje eu tive, finalmente, minha primeira reunião com o Norbert. E confirmei não só as minhas primeiras impressões, mas também todas as minhas expectativas sobre ele: o cara é o máximo! Divertido, me deixou super à vontade e falou mais de uma vez que quer acompanhar de perto o meu trabalho enquanto eu estiver por aqui. E o cara é muito ligado, sacou rápido que eu sou da área ítalo-descendente do Brasil e me contou que os pais dele moraram na Itália. Putz, muito legal. Sim, ele também gostou do meu trabalho, achou os dados interessantes e botou fé na análise que eu tou dando pras coisas. Me senti alguém. Na verdade eu apresentei duas coisas pra ele hoje, uma parte mais pronta da tese que eu até já submeti pra publicação e uma outra parte que tá mais incipiente ainda. E aí pra essa segunda parte da reunião ele chamou também uma outra professora daqui, a Tonia, que é super especialista no assunto, então já tive dois feedbacks ótimos na mesma tacada. Sem contar que a Tonia também é muito receptiva e simpática, eu já tinha conhecido ela no dia em que eu cheguei e fui muito com a cara dela. Incrível como aqui todo mundo faz a gente se sentir em casa.

Fora isso, passei o resto do dia no CNL trabalhando. Fui munida com uma blusa e uma manta, mas hoje a temperatura tava mais normal, felizmente. O Brian me ajudou a configurar o meu computador pra eu poder mandar imprimir coisas direto do meu computador pra impressora via rede wireless da universidade. Fantástico, agora já posso imprimir o que eu quiser sem encher o saco da Kathi. De tarde saí pra ir até a loja de informática da universidade, no Patuxent Building, procurar um limpador pro meu computador (tá imundo o coitado). Não tinha. Fiquei bem frustrada, porque hoje tinha alerta de calor excessivo - chegou aos 100ºF com sensação térmica de 105ºF (40ºC) - e eu mesmo assim andei dez minutos nesse Saara debaixo do sol das três da tarde pra nada. Aliás, tinha também um alerta de poluição aqui hoje (esse país é o campeão dos alertas), e o céu tava igual ao de São Paulo nas piores épocas: branco. Não azul, branco. O que é estranho, porque em São Paulo eu entendo de onde vem a poluição, mas aqui em Prince George, apesar de ser perto de Washington, tem basicamente casinhas, a universidade e mato, então não vejo muito de onde saia essa poluição toda.

Bom, como eu tinha reunião às 11 e imaginei que fosse demorar (ficamos quase duas horas conversando), levei só um sanduíche e umas bolachinhas salgadas pra universidade hoje. Resultado: cheguei em casa morrendo de fome. Não pestanejei: abri o freezer e peguei a melhor carne pra cozinhar. Descongelei no microondas mesmo e fiz, ficou bem boa. Disfarçou o arroz horrível que eu tinha pronto. Sim, o arroz é horrível, e não fui eu que fiz errado, ele que é farinhento mesmo. Paciência, vou ter que acabar com o mega pacotão antes de comprar outra marca. E hoje cheguei em casa tremendo, com calafrios, acho que de tanto calor. Só passou depois que eu tomei um banho semi-gelado. Sensação horrível. Mas imaginem, agora (20:30) tá 97ºF (36ºC). E pra amanhã a previsão não é nada animadora, eu tava pensando em sair pra ver um celular mas se estiver horrível desse jeito não vou a lugar nenhum. Especialmente porque, como sempre, a previsão pra hoje de noite e amanhã é de tempestade. Com esse calor seria de estranhar se fosse diferente.

Notícia esquilística do dia: esquilos não têm medo de seres humanos. Hoje um veio pulando atrás de mim (eu na estradinha e ele na grama), e outro se atravessou na minha frente e quase que eu piso em cima.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Marie Mount Freezer

Hoje foi o meu primeiro dia de trabalho no CNL (Cognitive Neuroscience of Language). O CNL é um dos laboratórios do departamento de lingüística. É por lá que os alunos vão trabalhar e estudar, e os professores também ficam por ali. Como ontem meu cartão da universidade foi liberado pra acessar o laboratório (sim, pra entrar no laboratório tem que passar o cartão na porta), hoje fui trabalhar lá pra começar a socializar com o resto dos alunos.

Pois bem, durou pouco mais de duas horas o meu empreendimento. Acontece que por um problema técnico qualquer o prédio inteiro tava com a refrigeração, digamos, um pouco exagerada. Eu, claro, fui pra lá de bermuda e uma blusa bem fresquinha - eu e todas as outras pessoas que estavam por lá. Mas essas tinham casacos ou cobertores (sim, cobertores! já explico) à mão. Não consegui me concentrar pra trabalhar e acabei vindo pra casa ao meio-dia, antes que eu virasse um picolé.

Sobre o laboratório: não fiquei muito tempo lá dentro e conheci poucas pessoas (precisamente três), mas deu pra sacar que o ambiente é legal e é praticamente a segunda casa de todos. Tem os escritórios de alguns professores, alguns outros escritórios que são usados, eu acho, por alunos mais diretamente ligados ao laboratório, tem uma área com vários Mac Pro fantásticos (aqueles mais caros, que custam um buzilhão de reais) e uma sala de reuniões que é onde os alunos ficam trabalhando. Ali tem uma mesa grande, poltronas e sofás, e um canto com microondas, frigobar e pia. Ou seja, é praticamente uma casa: as pessoas levam suas canecas, pratos, copos, talheres e... cobertores. Acho que tem uma outra cozinhazinha num canto também, e tem um piano num corredor. Elétrico, daqueles que dá pra usar com fones.

Moral da história: do freezer pro forno da rua, pro ar do shuttle, pro forno da rua de novo e pra temperatura agradável de casa = dor de cabeça o dia todo. Amanhã vou munida de casacos, porque não se sabe quando é que vão resolver o problema do ar do prédio. Espero que seja em breve, porque calor é ruim, mas ficar congelando também não dá.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Grêmio à francesa

Acabei de conseguir fazer a primeira francesinha da minha vida, graças à caneta de fazer francesinha e à caneta de apagar borrões que eu comprei na Target. A Azadeh me disse que pra fazer as unhas com francesinha sai uns US$30 (sem francesinha é US$20), então super valeu a pena. Na real a mão direita ficou meio tosca, mas na próxima eu acho que vai ficar melhor.

E as maravilhas da tecnologia me permitem assistir Grêmio x Vasco enquanto faço a unha: Sr. Anônimo virou o computador dele pra tv e me deixou assistindo e ouvindo a transmissão, bem feliz da vida. A qualidade da imagem certamente não é das melhores, mas pelo menos dá pra acompanhar.

Comentários aleatórios sobre a primeira semana, ou Coisas que eu já devia ter contado, mas esqueci

1) Aqui todas as portas dos prédios abrem pra fora: universidade, supermercados, o prédio onde eu moro. Claro que eu sempre dou de nariz na porta primeiro e depois lembro que é pra puxar. Não, não tem escrito pull em todas as portas.

2) Tem várias quadras perto da universidade cheias de fraternidades e sororidades. Pois é, elas existem. São casas enormes umas do lado das outras, cheias de letras gregas na fachada: ∆Eπ, ∑ßµ, ∂EΩ e todas as demais combinações possíveis (obviamente eu inventei essas, mas não duvido que existam). Vou pesquisar qualquer hora dessas pra saber qual o significado de cada sigla, se é que tem algum.

3) Ainda não consegui me acostumar a ser exageradamente educada. Sim, porque na minha concepção de mundo um "oi" ou "tchau" acompanhados de um sorriso sincero são suficientemente educados sem forçar a barra; mas aqui é um tal de "como você está hoje?", "estou ótima, e você, como vai?" "bem, obrigada" e aí a gente pede o que quer que seja pra quem quer que seja. E na saída a mesma coisa: "tenha um bom dia", "obrigada, você também", "obrigada, tchau", "tchau". Putz! E o pior é que muitas vezes a pessoa te pergunta e/ou responde com uma cara de tédio que me convence que o meu "oi" sorridente é muito melhor. Mas tudo bem, vou ter que entrar no embalo.

4) Minha impressão completamente impressionística é que essa universidade só tem indianos, chineses/japoneses/demais-etnias-de-olhos-puxados e negros. Sempre tive um certo receio de ser discriminada por ser brasileira, mas às vezes sinto que eu chamo atenção é por ser branquela de olho claro. É bem diferente do que eu imaginava. Também pelo que eu saquei esse condado (Prince George) é predominantemente de negros, e eles têm comportamento, vestuário e posturas muito características. É interessante observar. Também tem muita gente falando espanhol nos supermercados, é engraçado porque eu entendo tudo e eles nem fazem idéia hehehe.

5) Todo mundo fala que essa área em que eu moro não é segura. A Azadeh me fez mil recomendações de não voltar tarde, de ter cuidado, blablablá. Mas todo mundo deixa os carros estacionados na rua e tem vizinhos meus que deixam as bicicletas das crianças e carrinhos de bebê pro lado de fora da porta do edifício (ou seja, na rua) dia e noite. Aí perguntei o que quer dizer "não ser seguro" e a resposta foi "ah, se tu andar sozinha tarde da noite podem te assaltar". Mas ameaçam te matar? "Não, só pedem dinheiro e celular". Gente, essa é a descrição de vizinhança perigosa por aqui. Quase gargalhei, né, afinal no Brasil se o cara estaciona o carro na rua, noite ou dia, não tem a menor garantia de que ele esteja lá quando tu voltar, e assalto a mão armada acontece a qualquer hora, em qualquer lugar, e mesmo dando tudo o que tu tem nada te garante que tu saia vivo. Claro que a gente tem que se cuidar, mas putz, sutil diferença né.

6) Ainda sobre segurança: hoje na orientação fiquei sabendo que a gente pode pedir escolta policial dentro do campus. Explico. O campus tem uma polícia 24h. Digamos que um dia eu fique trabalhando até mais tarde no meu escritório e queira ir pegar o shuttle. Eu posso ligar pra polícia do campus e pedir pra alguém me buscar no meu prédio e me escoltar até a parada do shuttle, e esperar comigo até o ônibus chegar. É o cúmulo da sofisticação, praticamente um guarda-costas. No Brasil que os campi são matagais sem iluminação e precisaria ter disso não tem.

7) O tempo aqui é louco. Pirado mesmo. Saí de casa hoje com tempo nubladinho, a hora que eu saí da orientação tinha sol, quando saí do Stamp tinha umas nuvens muito ameaçadoramente pretas no céu, e na saída da biblioteca céu limpo e um sol de matar. E agora tá nublado de novo. Tenho acompanhado as previsões e nem essas acertam muito, tadinhas.

Orientação e biblioteca

Toda quarta-feira às dez da manhã o departamento de serviços internacionais recebe a galera que tá chegando na universidade com visto J-1 pra checar os documentos de imigração e seguro-saúde e pra explicar como as coisas funcionam por aqui. Então hoje lá fui eu, munida de toda a minha papelada. Acordei às 7:30, me arrumei, tomei café e fiquei esperando a hora de sair. Recusei polidamente a carona da Azadeh porque ela foi muito cedo pra universidade e eu não queria ficar lá boiando até as dez, nem levar o computador pra trabalhar.

No fim das contas não tinha nenhum shuttle com horário decente pra eu pegar e eu acabei indo a pé. Felizmente pela primeira vez desde que eu cheguei amanheceu nublado e menos calor, então foi uma caminhada agradável de 15 minutos e não uma jornada interminável sob um sol escaldante. Cheguei, entreguei minha papelada (que foi habilmente fotocopiada enquanto eu preenchia um formulário) e depois teve uma reunião de uma hora da qual 85% das informações eu já sabia ou já tinha feito ou não me diziam respeito. Mas mesmo assim foi interessante.

Dali fui no Stamp pegar um documento do banco provando que eu tenho conta lá, depois fui no correio gastar setenta dólares pra mandar uma papelada pra CAPES (papelada que eu aliás já mandei pelo sistema, mas tem que mandar pelo correio também). Aproveitei pra comer alguma coisa na praça de alimentação, mas como eu tava setenta dólares mais pobre achei por bem economizar e comi um hamburguer de frango do Chick Fil-a®. Dizem que é bem famoso, mas eu sinceramente não vi nada de especial, aliás, pra ser bem sincera não gostei muito, mas por 3 dólares tava bom demais. Me deram um milhão de guardanapos, aliás, essa é uma mania por aqui, não sei se o pessoal costuma se sujar muito pra comer, mas os guardanapos são enormes, mega-absorventes e nunca vêm em menos que 3. Bem diferente das lancherias brasileiras com aqueles guardanapos minúsculos e brilhantes que é impossível tirar da guardanapeira sem rasgar e que precisa uns cinqüenta pra limpar alguma coisa. Passei também na loja da universidade e comprei uma caneca. Custou caro, dez dólares, mas como eu não consegui comprar no outro dia e queria alguma coisa com a marca da universidade, achei que valia a pena:

Minha nova caneca e as garrafinhas fofas de Coca-cola previamente mencionadas

Saí do Stamp e sucumbi, finalmente, aos meus desejos mais secretos: entrei na biblioteca. Não sei como foi que eu consegui ficar uma semana inteeeeira sem ir lá. Quer dizer, "lá" é jeito de dizer, porque na verdade o que eu soube é que a universidade tem 8 bibliotecas (eu só sei onde ficam duas delas). Entrei na maior, não só por megalomania mas porque tinha pesquisado antes e os livros que eu queria estão todos lá.

(Vou até trocar de parágrafo agora porque a ocasião merece)

Pensem numa biblioteca. Agora pensem numa boa biblioteca. Agora pensem na melhor biblioteca que vocês conhecem. Pensaram? Pois eu garanto pra vocês que não chega nem aos pés da McKeldin. São sete, eu disse sete andares de livros e periódicos. E sete andares gigantescos. Juro, eu que sou boa de direção e boa de me virar em bibliotecas consegui me perder. O que foi ótimo, porque eu fui parar numa prateleira com todos os livros do Vargas Llosa (em espanhol). As prateleiras de lingüística que eu vi não têm explicação (e eu não vi tudo). Pra quem saiu da UFRGS, que não tem quase nada de lingüística, muito menos de gerativa (e o que tem só vai até 1975), é o paraíso. Ok, ok, quando eu fui pra UFSC eu achei que lá fosse o paraíso, afinal são duas prateleiras inteiras de lingüística e tem coisas atuais. Depois fui pra USP e achei que nossa, fantástico, quatro ou cinco prateleiras cheias de coisas maravilhosas. Mas agora, devo dizer, acho pouco provável que mais alguma biblioteca me surpreenda. Talvez a do congresso nacional; veremos. Confesso que chegou a me dar uma leve deprê de saber que não vou nem a pau conseguir usufruir de tudo isso. Imagina se eu tivesse aplicado pro doutorado inteiro, como era meu plano inicial? Mas tudo bem, já saí de lá com quatro volumes debaixo do braço. Que eu só preciso devolver no dia 11 de maio de 2011. Ah, e o detalhe: meu período aqui termina em 31/12/2010. Como diria a minha roomate, "Welcome to America!"

Notícia esquilística do dia: vi um esquilo atravessar a rua. Eles são mais espertos do que eu pensava.

Nota social

Esta que vos escreve deseja um super feliz aniversário pro super seu Ermínio, também conhecido como Seu Herr! (acabo de perceber que isso é uma redundância dado o significado de Herr em alemão, mas tudo bem). Um abração e todo o meu carinho diretamente de College Park, MD.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Levando cano

Pois é, queridos leitores, o Norbert me deu um cano. Toda a minha apreensão com a nossa reunião de hoje de nada adiantou. Mas tudo bem, é por uma boa causa, o cara tá com um problema nas costas (em bom gauchês: tá entrevado) e não pode ir hoje nem vai poder aparecer amanhã. De qualquer forma meu dia foi bem aproveitado: terminei meus handouts (sim, no plural), li um monte, imprimi umas coisas. Amanhã tenho que me apresentar no setor que cuida dos alunos importados (viu gente? aqui eu sou importada!), ir no banco e mandar umas coisas pra CAPES pelo correio. Quero fazer tudo de manhã pra poder ficar em casa de tarde, porque hoje eu fui num ooooutro mercado (Trader Joe's) com a Azadeh e comprei carnes (finalmente!) e várias outras coisas pra poder comer decentemente. Cheguei em casa e estreei as panelas com uma massa ao sugo. Não é a melhor comida que eu já fiz, mas tava bem gostosinha e a Azadeh aprovou. E eu aprovei as panelas!

Notícias esquilísticas do dia (acho que vou abrir uma seção no blog com esse nome): vi dois esquilinhos correndo um atrás do outro, coisa mais amor; e depois contei DEZ esquilos em volta de uma árvore. Dez, imagina! Não adianta, não vou enjoar. E só hoje eu vi um cachorro, mas tava na coleira. Acho que aqui é tão primeiro mundo não existe nem cachorro de rua. Vai saber...

Murphy

Hoje que eu trouxe, além do regulamentar sanduíche, uma saladinha "tridis" no meu super pote com super tampa térmica (que super funciona!), aquela fome desesperadora de ontem nem sinal de dar as caras ainda...

É hoje!

Dentro de quatro horas e meia terei o meu primeiro encontro com o Norbert. Que medo!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Compras e etc.

Hoje eu acordei com o barulho do caminhão do lixo. Levantei e fui pra janela ver como eles fazem, e é óbvio que é completamente diferente do Brasil. Os containers de lixo (enormes) ficam na rua e aí o caminhão encosta, pega cada container e vira dentro da caçamba. Nenhum ser humano encosta nos resíduos (pelo menos não na hora da coleta) e o processo é bem mais rápido do que os carinhas ficarem correndo atrás do caminhão jogando aquele monte de sacos que se rasgam e sujam tudo em volta. Achei bem bacana.

Fui pra faculdade de carona com a Azadeh, cheguei no meu escritório às dez da manhã e trabalhei direto até às seis e meia da tarde. Levei um sanduíche e algumas nozes pra comer, mas não foi suficiente e no final do dia eu tava morrendo de fome e louca pra comprar logo uns potes plásticos pra poder levar uma comida mais decente.

Felizmente isso foi solucionado hoje mesmo. A Azadeh se ofereceu pra me pegar às seis e meia pra gente ir juntas às compras. Fomos no Prince George Plaza, um shopping no centro de Hyattsville, se eu bem entendi. Paramos num restaurante mexicano pra comer. O refrigerante era de graça pra estudantes e com refil à vontade pra todos os consumidores, como é praxe por aqui (depois esse povo não sabe por que é obeso). A porção era gigante e eu comi só metade, mas aqui ninguém joga comida fora: pedi uma tampa de plástico pro meu prato e trouxe o que sobrou pra casa. Acho isso superbacana, no Brasil se a gente pede pra levar o que sobrou a maioria das pessoas te olha com cara feia e te tira pra morto de fome. Abaixo o desperdício!

Bom, depois de comer fomos às compras. Primeiro fomos no Ross (claro que a primeira coisa que eu pensei foi em Friends). É tipo uma Americanas mas sem a parte de eletroeletrônicos. A bagunça também é a mesma, loja bem povão mesmo, mas como tudo é bem barato vale a pena. Comprei uma frigideira com tampa e uma panela, uma tigelinha, um travesseiro, dois potes plásticos (um deles tem um esquema na tampa que a gente põe no freezer e ele vira um pote refrigerado) e um cabide interessante para o Feng Shui do meu minúsculo closet. Tentei comprar uma caneca, mas não tava cadastrada e as outras eram muito feias, aí desisti. A Azadeh comprou uma cortina pro nosso box (que na verdade é uma banheira) e provou um sapato vermelho (eu tava com o meu sapato vermelho e ela se empolgou). Enquanto a gente esperava na fila fiquei dando uma olhada nas roupas. Tudo muito barato, mas de péssimo gosto e qualidade. Agora entendo melhor por que as mulheres aqui se vestem tão mal (vide o meu querido Esquadrão da Moda). Tinha também camisetas da Nike e da Calvin Klein, que no Brasil custam os tubos, por preço de Hering. Isso eu achei que valia a pena, porque pelo menos é de qualidade. Mas como não preciso de roupas e ainda não recebi um tostão sequer da CAPES, nem fiquei olhando muito.

Depois fomos na Target e eu a-do-rei! Mais limpa, mais organizada e mais com cara de supermercado, apesar de ter coisas pra casa e roupas e tudo o mais. Lá comprei um prato grande e um pequeno, água, coca-cola (uma nota sobre refrigerantes: aqui não tem pra vender uma unidade, tipo uma lata ou uma pet; são fardinhos de dez, doze, etc. Comprei doze coquinhas acho que de 355ml, a garrafinha é um amor), xampu, lixa de pé e removedor de esmalte. Na parte de esmaltes ficamos uma meia hora vendo todas as mil coisas que existem por aqui. Vocês não têm idéia da quantidade de produtos fantásticos, dá vontade de comprar tudo: bastão corretor de falhas no esmalte, pra quem se borra toda pra pintar a unha como eu e não consegue usar o palito; caneta pra fazer francesinha; todo tipo de fortalecedor de unhas; unhas postiças de todos os tipos (tou louca pra comprar umas pra testar); película protetora pra quando não dá tempo de fazer a unha (uns adesivinhos cor da pele que a gente cola na unha pra parecer que tá feita) e tudo mais que vocês possam imaginar. Aqueles super mega master blaster trequinhos elétricos com várias pontas diferentes pra lixar e polir a unha, aqui tem por US$7 (já sei que a mãe vai querer um, porque o da Polishop custa R$150). Chegamos em casa mais de nove da noite e completamente exaustas. Mas super valeu a pena, pelas compras e pela companhia.

Só não comprei talheres, porque não vende avulso em lugar nenhum. A Azadeh disse pra eu não me preocupar e usar os dela, então menos mal. E esqueci de olhar uma caneca na Target, mas outra hora dessas eu compro. Por enquanto tou me virando com meu super copo térmico da Starbucks®, mas não dá pra colocar no microondas e botar leite frio no café é um hábito que eu não vou desenvolver.

Ah! Enquanto eu tava esperando a Azadeh passar pra me buscar eu vi um esquilinho subindo numa árvore. É muito legal! Acho que eu nunca vou conseguir incorporá-los como parte do meu cotidiano, pra mim vai ser sempre um bichinho exótico que eu quero correr atrás. Mas hoje eu também vi um esticadinho de morto e quase morri de dó. Também vi um cara com nenhuma cara de brasileiro usando uma camiseta do Flamengo no campus. Foi estranho me deparar com uma coisa tão brasileira tão longe de casa. Mais estranho que isso só se fosse alguém com uma camiseta do Grêmio, mas do jeito que anda o nosso time acho pouco provável que isso aconteça. Mesmo o nosso goleiro sendo gente boa.

Até aqui?

Então o meu office tem um telefone. Não faço idéia de qual seja o número nem de que tipo de chamadas eu posso fazer. Aliás, pra ser franca eu só sabia que tinha um telefone nessa sala porque ele fica em cima da mesa que eu escolhi pra trabalhar. Só por isso.

Aí hoje tou eu aqui bem bela e fagueira trabalhando loucamente nos meus handouts pra reunião com o Norbert amanhã quando o bendito resolve tocar. Pensei um pouco se devia atender ou não, afinal obviamente não devia ser pra mim. Achei melhor atender; vai que é o Norbert, né.

Não era. Eis o que eu ouvi: "Oi. Eu sou o Fulano de Tal da (uma sigla qualquer) e estou tentando entrar em contato com você para que você saiba que tem direito a questionar os juros abusivos do seu cartão de crédito e..." eu desliguei o telefone. Calma, era uma gravação. Mas pô, até aqui na terra da opulência tem saia do SPC e Serasa? Me poupe!

Coisas com as quais eu acho que não vou me acostumar tão cedo, ou "notas sobre banheiros públicos"

Eu tenho um interesse antropológico por banheiros públicos. Explico. Eu acho que os banheiros públicos de um país nos dizem muito sobre, bem, o povo que os usa. Quando eu voltei da Itália eu jurei que ia escrever um livro só pra falar dos diferentes tipos de vasos sanitários, descargas, torneiras, portas, secadores de mão e tudo o mais, de tanta diversidade que eu encontrei nesse particular aspecto daquela sociedade.

Pois bem, aqui nos Estados Unidos não há, ao menos na minha modesta e ainda pouca experiência, tanta diversidade quanto na Itália. Talvez os italianos sejam mais complexos, emotivos e cheios de nuances em oposição ao pragmatismo norte-americano. Mas isso não significa que aqui não haja o que comentar.

Por exemplo, uma coisa que me deixa abismada é o fato de nos banheiros públicos (ao menos em aeroportos e aqui na universidade) a descarga ser acionada automaticamente quando a gente levanta - numa clara demonstração do acima referido pragmatismo. Afinal pra que perder um ou dois segundos se virando e acionando um botão, não é mesmo?

Pois devo dizer com toda a sinceridade que me é característica: não gosto. Primeiro porque eu ainda não me acostumei (se é que vou me acostumar um dia) e tomo um susto toda vez. Segundo por uma questão prática. Aqui no primeiro mundo não tem cestinho pra jogar o papel higiênico, vai tudo no vaso. No banheiro feminino tem uma caixinha minúscula pra descartar absorventes e era isso, o papel vai descarga abaixo. Mas e se eu quiser assoar o nariz? E se eu só lembrar de assoar o nariz depois que eu já levantei? Vou ter que provocar outra descarga pra descartar o papel, o que é totalmente anti-ecológico. Isso sem contar que provocar outra descarga não é tão simples quanto parece. Não, não adianta ficar se mexendo e pulando na frente do vaso; tem que sair, entrar de novo, sentar e levantar. Totalmente exeqüível em época de férias, quando o banheiro tá vazio. Mas e quando as aulas recomeçarem e o banheiro estiver bombando? Já pensou no ridículo da situação?

Mas nem tudo são espinhos. A maioria dos banheiros de aeroportos e alguns aqui da universidade oferecem, de graça, camisinhas e absorventes. E no aeroporto ainda tem fio dental, Listerine® e lenço umedecido pro rosto. É só girar alavancas e apertar botões e tá tudo ali. E o banheiro aqui da universidade tem sabonete em espuma, que eu adoro, dispensado via sensor, como as torneiras. Bem bom. E os sensores das torneiras funcionam, não é como os dos shoppings do Brasil que tem que ficar sacudindo a mão embaixo meia hora. Aliás, fico imaginando como seria uma descarga acionada por sensor no Brasil: a pessoa entra e a descarga aciona. Senta, aciona de novo. Se mexe um pouquinho no vaso e aciona de novo ("vá ao banheiro e ganhe uma ducha grátis"). Aí a pessoa levanta e nada de a descarga acionar, porque o sensor é inteligente e não aciona mais do que três vezes num intervalo de cinco minutos, pra economizar a água do planeta. (Eu sei, horrível ficar tirando sarro do Brasil, mas digam aí se não tem toda a cara de que seria assim!)

Ãnfãn, vou ter que me acostumar. Pelo menos o banheiro de casa é na base da boa e velha alavanca. Porque um pouco de retrocesso, convenhamos, não faz mal a ninguém.

sábado, 17 de julho de 2010

Conexão Irã-Brasil

Depois de horas de conversa com a Azadeh, concluímos que o Brasil e o Irã são países muito parecidos. Vai ver é por isso que o Lula e o Ahmadinejad andam tão amiguinhos... hehehe.

Tá, brincadeiras à parte, eu devo confessar que realmente fiquei impressionada com o tanto de coisas parecidas entre os dois países, em termos do comportamento das pessoas. Claro que tem diferenças, mas vejam só, no Irã os homens também secam e cantam as mulheres na rua, especialmente os peões de obra. Seqüestro-relâmpago eu já sei que não tem por lá, expliquei pra ela o que é e ela ficou impressionadíssima. Também não tem esse culto ao corpo como no Brasil, pra eles o que conta pra uma pessoa ser bonita é o rosto, especialmente olhos e nariz (e aí todo mundo faz plástica no nariz hehehe). Confesso que pra mim também o rosto é o que mais conta, será que eu nasci no país errado? E ela perguntou como são as brasileiras, porque disse que por aqui muita gente acha que ela é brasileira. E olhando por um certo ângulo ela tem mais cara de brasileira do que eu, especialmente a cor da pele. Acho que eu é que não tenho cara de brasileira, no fim das contas...

Foi legal ficar batendo papo hoje, apesar de que o meu inglês ainda tá um pouco travado. Não que as pessoas não me entendam, pelo contrário, mas ainda tou precisando fazer um pouco de força pra ficar falando inglês o tempo todo. Mais uma semana e eu já devo estar bem mais acostumada e fluente.

Ótima!

Comentário do meu orientador quando eu contei pra ele por e-mail que já encarei um terremoto e uma tempestade elétrica:

- Uau, isso é que é tar fazendo ground-breaking work!

Eu ri!

É pra rir ou pra chorar?

Esqueci completamente de mencionar pra vocês que o nome do banco em que eu abri conta, que por sinal é o único banco que tem agência e caixas eletrônicos dentro da universidade, é Chevy Chase. Sim, Chevy Chase. Pra quem não tá lembrado, Chevy Chase é um comediante norte-americano que fez milhões de filmes de comédia desses que passam na Sessão da Tarde e era do Saturday Night Live.

Não consigo parar de me perguntar se o nome do banco é em homenagem ao ator ou se o nome do ator é em homenagem ao banco. E qual das duas possibilidades é a pior.