Eu devia contar pra vocês do passeio que fizemos sábado, pra Mount Vernon. Mas esse é um daqueles posts compridos e cheios de fotos, que demoram tempo pra ficarem legais. Como hoje eu tou cansada, vou me permitir uma certa dose de anacronismo e contar da minha segunda visita à biblioteca, que foi hoje. Até o final da semana eu conto sobre Mount Vernon.
Pois bem. Saímos às oito da manhã, com temperatura de 0ºC e sensação térmica de -3ºC. Hoje, pela primeira vez, consegui passar só um pouquinho de frio e os meus pés não congelaram. Aos poucos tou desenvolvendo as manhas pra lidar com o clima hehehe. (Aliás, preciso escrever um post sobre o frio. Em breve sai, aguardem!) Um shuttle e dois metrôs depois, lá estávamos. O bom é que a biblioteca é quentinha.
Eu tinha deixado dois livros reservados, e pedi mais alguns, que demoraram bastante pra vir. Mas quando vieram, foram entregues na minha mesa. É muito avançado o sistema. Só teve um livro que eu pedi que não tava na prateleira, mas tudo bem, tinha vários outros pra me divertir. Li um monte, e a leitura rendeu um monte de idéias pra tese. Tou numa daquelas épocas em que não consigo desligar a cabeça da tese, muitas idéias pra colocar no papel, muita coisa pra pensar. É bom.
Ficamos trabalhando até meio-dia e meia, aí bateu a fome e saímos pra almoçar. É meio tramposo, tem que deixar os livros na prateleira das reservas, buscar os pertences na chapelaria, atravessar o túnel, mostrar a sacola na saída, sair. Aí quando volta tem que fazer tuuudo de novo: detector de metais, túnel, chapelaria, etc, etc. Sem contar que as regras do que pode ou não entrar na biblioteca mudam a cada meia hora. Explico: no primeiro dia que a gente foi, eu entrei com o computador dentro da capa protetora, pedi os livros, saí pra tomar café. Quando voltei, a moça me barrou e disse que não podia entrar com a capa do computador. Tive que descer de volta na chapelaria e guardar. Hoje foi o baiano: de manhã entrou com a jaqueta de couro, de tarde não podia. Teve que descer na chapelaria e guardar. Vá entender...
Mas onde eu tava mesmo? Ah sim, almoço. Resolvemos, muito astutamente, aproveitar a hora do almoço pra ir ver o prédio do FBI, que fica ali por perto. Caminhamos dez metros e eu já estava arrependida: o frio tava de renguear cusco! Na verdade o problema maior nem é a temperatura baixa, é o vento. Essa terra devia chamar Windland em vez de Maryland! É raro um dia que não esteja ventando, e DC é um pouco pior porque tem o rio (se vocês lembram das fotos que eu já postei, a região da biblioteca, Capitólio, obelisco etc. é praticamente na cara do rio). Vento de Finados é pinto perto do vento daqui. Juro.
Claro, com esse vento todo a gente precisa desenvolver algumas estratégias...
só o zóinho de fora |
Quanto mais a gente andava, mais ventava. Eu, panaca, tinha deixado as luvas dentro da bolsa, achando que ao meio-dia não ia estar tão frio. Ledo engano. Chegou uma hora que a minha mão tava roxa - e olhem que tava dentro do bolso! Além disso, eu tenho os ouvidos de uma criança de quatro anos; a brisa da praia me dá dor de ouvido. Imaginem esse vento! Só a touca não tava sendo suficiente, meu ouvido tava doendo cada vez mais, então tive que apelar:
Sim, eu sei. Fiquei parecendo uma muçulmana. Vou falar um negócio pra vocês, bem de canto: hoje senti inveja da mulherada que usa burca. Aposto que elas não passam dor de ouvido, muito menos ficam com a pele do rosto vermelha, ardida e descascando por causa do vento e do frio.
O FBI não é longe da biblioteca, uns três ou quatro quarteirões dos bem grandes de distância só. Fica bem atrás dos museus Smithsonian (me pergunto por que não fomos lá no verão... rs). A merda é que, como quase tudo nesse país, no caminho entre a biblioteca e o edifício, além de ter o estupendo Capitólio, tem mais trezentos prédios e monumentos e memoriais lindos:
os chafarizes são o memorial da marinha |
Arquivo Nacional - sim, é maravilhosamente lindo |
J. Edgar Hoover - prédio do FBI. uma porcaria de prédio, comparado com os que vimos no caminho |
é... não vimos nenhum dos nossos personagens favoritos do FBI, nem nenhum funcionário identificado, nem nada. |
Desculpem a má qualidade geral das fotos, mas o frio não tava permitindo muitos enquadramentos... rs. Saímos à cata de um lugar pra almoçar e acabamos caindo num bar temático de esportes (tem muitos aqui nos Estados Unidos), cheio de telões passando reprise de jogos de futebol americano. Pedimos hamburgueres, que estavam muito bons. E a garçonete que nos atendeu era paulista.
Saímos direto pro Starbucks que tinha ali do lado, pra tomar um esquenta-couro antes de encarar a volta pra biblioteca. Valeu a pena, senti bem menos frio. Ficamos na biblioteca estudando até as seis e meia, tempo suficiente pra ver um tiozinho dando migué com uma câmera fotográfica, dê-lhe tirar foto com flash dentro da biblioteca (sendo que é estritamente proibido fotografar lá dentro, com flash ou sem flash). Finalmente, depois de uns vinte flashes, a funcionária foi lá mandar ele parar. Achei bom, tava quase descendo na chapelaria pra buscar a minha câmera e fotografar na cara de pau também. Porque discretamente, com a câmera do computador, eu já tinha fotografado... E as de hoje ficaram bem melhores!
livros!!!! |
livros e um pedacinho do segundo andar |
De tarde eu tentei sentar de costas pro relógio, pra tirar foto dele. Mas as mesas daquela área tão em restauração, então não deu pra sentar lá e tirar fotos do relogião lindo. Mas tudo bem. Ainda vou lá mais algumas vezes antes de ir embora, quem sabe não dou sorte?
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