segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Eu conheço alguém do Suriname!

Hoje acordei com temperatura de -4ºC e sensação térmica de -11ºC. E sol! Nada de nuvens, nada de neblina, nada de vento. Aliás, essa parece ser uma boa generalização sobre o clima daqui: os dias de sol sem nuvens sem vento e sem neblina são os mais frios. E hoje certamente foi o meu dia mais frio até agora: saí de casa 10:30 e ainda tava -2ºC com sensação de -8ºC. Saí de calça de lã, meia-calça de lã, meias peludinhas, bota de cano alto, segunda pele, básica de lã, cachecol, sobretudo, touca e luvas de couro e ainda assim tava sentindo um friozinho.

Entrei no ônibus, encostei o cartão pra pagar e nada. Tava dando uma mensagem diferente no visor da leitora, mas né, com o meu estupendo holandês não consegui entender. Também não tinha como anotar, porque eu tava de luvas e segurando meu copo de café. Fui até a outra porta ver e tava a mesma coisa. Sentei e rezei pra não aparecer um controlador. Depois notei que ninguém tava encostando o cartão pra entrar e sair e fiquei mais tranqüila: pelo menos se eu fosse presa não ia sozinha hehehe. Mas no fim não apareceu nenhum controlador e eu não fui presa.

Cheguei na portaria e o porteiro só me olhou com aquela cara de "ainda não tenho uma chave pra ti". Na verdade são dois porteiros: o que está lá de manhã quando eu chego e o que está lá no fim da tarde quando vou embora. O do final da tarde é o gaiato que me levou no departamento no primeiro dia que eu fui pra universidade. O outro não é gaiato, mas é bem gente boa também.

A história da chave tá meio chata, e ainda vai demorar pra se resolver, pelo jeito. Ultimamente eu não tenho tido problemas, mas na semana passada o porteiro tava doente, tava só um pessoal da segurança na portaria e eles não queriam me dar a chave-mestra. O carinha foi comigo até o escritório abrir a porta e disse que quando quisesse sair era só ligar na portaria que ele vinha de novo. O problema é que se eu quisesse ir no banheiro tinha que chamar o cara pra vir trancar e depois abrir de novo cinco minutos depois. Um saco. Nesse dia eu tinha uma reunião e só larguei minhas coisas e deixei ele trancar de novo. Como a minha reunião não durou nem 20 minutos, quando acabou lá fui eu atéééé a portaria pedir pra abrir de novo. Só que aí o alarme de incêndio tava tocando (!) e eles não podiam sair da portaria. E eu não tinha como entrar na minha sala. Fiquei lá feito um dois de paus, "lendo" um jornal holandês e vendo a brigada de incêndio passar. Pelo menos no jornal tinha uma matéria sobre o incêndio na cidade do samba... rs. Mas né, depois de uns quinze minutos lá esperando a tia da segurança me deixou pegar a chave-mestra. De cara feia mas deixou. E não, eu não sei se realmente teve um incêndio ou se foi alarme falso. Não consegui descobrir.

Enfim. Perto do meio-dia o pessoal bateu lá no escritório pra me convidar pra almoçar. Foi bem legal; tinha algumas pessoas que eu já conhecia, outras que eu ainda não conhecia, e pude conversar com todo mundo e socializar (e marcar mais reuniões pra discutir minha tese). Além disso, almocei com míseros €1,56 devidamente pagos com chipknip. Por esse preço tomei uma cumbuca de sopa, comi um pão e um pouco de salada de tomate. A sopa não tava essas coisas, tinha gosto de sopa de pacotinho, mas valeu, especialmente porque ajudou a aplacar o frio.

Fiquei trabalhando até as cinco. Até queria ficar mais, mas tava muito frio na sala. Liguei os aquecedores, mas não funcionou tanto quanto eu gostaria, eu tava congelando da cintura pra cima, então resolvi me mandar. O porteiro gaiato tava na portaria e perguntou se eu já tinha conseguido uma chave. Em holandês, evidentemente. Depois riu da minha cara de pastel e perguntou em inglês. Papo vai, papo vem, falei que a história da chave era discriminação porque eu sou do terceiro mundo, ele perguntou de onde eu era, e não é que ele é do Suriname? Nosso vizinho! Disse que não tá muito feliz de ter vindo pra cá e quer voltar dentro de três ou quatro anos. Falamos sobre a economia, sobre a extensão dos territórios nacionais, altos papos. E ele me disse que eu posso ficar no prédio até 15 pras 10 se eu quiser. Nessa hora ele anuncia no microfone que o prédio vai fechar e daí ele passa corredor por corredor, sala por sala pra ver se tem gente nas salas, pra ninguém ficar trancado. Depois ele tranca o prédio e vai embora. Ele até me falou que uma vez encontrou uma professora desmaiada numa sala: ela era diabética e o nível de glicose dela despencou e ela desmaiou. Se ele não tivesse entrado lá ela teria morrido, imagina! Fiquei aliviada de saber que se um dia me der um troço e eu estiver sozinha alguém vai me achar por volta das dez da noite hehehe.

Passei no mercado aqui do campus antes de ir pra casa, precisava comprar umas coisas. Ainda tenho que escrever um post especial sobre o meu processo de escolha de produtos no mercado... hehehe. Mas esse vai ter que ficar pra outro dia, porque amanhã eu tenho reunião (mais uma!) e preciso trabalhar mais um pouco.

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