sábado, 27 de novembro de 2010

Thanksgiving e futebol americano

Quinta-feira foi o famoso Thanksgiving, o dia de ação de graças. É um dos feriados mais aguardados e celebrados nos Estados Unidos: dia de dar graças,  comer peru e milhões de tipos de purês, e... jogar futebol americano. Como eu não gosto muito de peru e não compraria um peruzão inteiro só pra mim, evidentemente eu e o baiano programamos uma viagem legal pra fazer nesse dia: Mount Vernon, a casa do George Washington, no estado da Virginia.

Acordei às cinco e meia da manhã com a minha roomate desmontando a casa pra ir viajar e constatei que tava chovendo loucamente. Um dia horroroso de cinza. Esperei até as sete pra ver se parava, não parou. Eu e o baiano decidimos abortar a missão, afinal visitar uma casa de campo com chuva não ia ser a coisa mais legal do mundo. 

Combinamos então de arremessar uma bola de futebol americano mais tarde, só pra tirar fotos e fazer de conta que cumprimos a tradição. Como o tempo não melhorou, também isso acabou se tornando impossível. Mas acabei sendo convidada pra cear lá no baiano, com direito a peru, batatas de todos os tipos etc etc. 

Foi bem legal: um Thanksgiving cheio de comidas tradicionais e absolutamente nenhum americano presente durante a janta (depois chegaram o Aaron e o Stevie pra representar a nação). A janta era pra ter saído às nove e acabou saindo às dez e meia, mas quem se importa? Ceamos ao som de Ray Charles e Ella Fitzgerald, e depois Demônios da Garoa. A comida tava decente e eu me diverti bastante. E - a melhor parte - não precisei lavar os pratos sujos! Pra cumprir todas as tradições, só faltou mesmo o futebol americano.

Algumas fotos do convescote:

O rango. Destaque pras broas de milho do Bobby à esquerda
(a única coisa feita em casa da ceia toda)

Baiano e coreano-do-sul-que-eu-não-lembro-o-nome, prontos pra atacar

Coreano-do-sul-e-jamaicano-que-eu-não-lembro-os-nomes,
Pranav, Bobby, baiano e eu

Aaron, x, y, Stevie, Pranav, baiano, eu quase caindo da foto e Bobby

Aaron, Stevie, x, y, Pranav, baiano, eu (mais enquadrada) e Bobby

Como nós não nos damos por vencidos tão facilmente, encasquetamos de ir hoje no jogo de futebol americano do time da universidade. Era o último jogo do ano, então era meio que agora ou nunca. Conseguimos os ingressos em cima da hora, mais baratos do que pela internet, e fomos. O jogo começava às 15:30; chegamos no estádio por volta de 15:10 e ficamos apreciando a movimentação.

A movimentação, na verdade, começa muito antes do horário do jogo. Sabe aquelas coisas que a gente vê nos filmes, dos caras chegando, abrindo o capô do carro no estacionamento, tirando uma churrasqueira e um cooler e curtindo um almoço básico ao ar livre antes do jogo começar? Pois é tudo verdade. O estacionamento tava tomado de carros, churrasqueiras, coolers, tendas, barraquinhas, cadeiras portáteis e o que mais a imaginação de vocês puder conceber. Fiquei imaginando um fenômeno semelhante nos arredores do Olímpico, ou no pátio... hehehe. 

Uma discreta amostra do estacionamento

O estádio é enorme e muito moderno. Tem banheiros enormes mais ou menos a cada cem metros, e milhões de barraquinhas pra comprar comida, também mais ou menos a cada cem metros: cachorro-quente, pipoca, batata-frita, refrigerante, chocolate quente, água, etc. Os assentos são todos numerados por setor, fileira e assento, então não tem como errar. E dá pra ir ao banheiro ou comprar comida tranqüilamente que ninguém rouba teu lugar. Também tem várias lojinhas com souvenirs do time e funcionários, muitos funcionários solícitos que te mostram onde é o teu assento.

Estava frio. Muito frio. E ventando horrivelmente (Sabe vento de finados? Pois é, um pouquinho pior.). E os nossos assentos baratos eram num canto do estádio, sem a menor proteção contra o vento. Achei estranho quando vi pessoas chegando ao estádio com cobertores, mas logo entendi que eu ia morrer congelada naquele assentinho de metal.

O pré-jogo é uma festa: banda marcial, cheerleaders, agitadores de torcida, bandeiras, mascote, enfim, umas quinhentas pessoas em campo. Toca o hino nacional, toca o hino do estado, muda a disposição dos músicos a cada cinco minutos, apresenta a bandeira, tudo é motivo pra festa: 

Banda tocando, organizada no M de Maryland

panorâmica do estádio

pré-congelamento iminente


entrada triunfal dos Terps

a galera de branco mais abaixo é o time adversário;
lá no fundo, a banda se retirando do campo...
 
...pra ir ocupar seu lugar de honra nas arquibancadas
 
Testudo, o mascote do time - seguramente o único que NÃO
morreu de frio

na expectativa pro início do jogo

idem
cena clássica de jogo de futebol americano

essa é só pra mostrar a quantidade de reservas
 
North Carolina State University pronta pra dar a partida

lá foi! (quem chutou foi o 33)

Agora permitam-me contar as minhas impressões sobre o jogo. Eu achei uma merda. Quer dizer, eu nunca tinha assistido ou lido sobre o esporte, então não entendi um monte de coisa. Por exemplo: a torcida comemora TUDO! Os caras dão um passo e todo mundo vibra. É como se a gente comemorasse cada lateral a favor do nosso time. Bizarro. Outra coisa muuuuito chata, especialmente quando se está a ponto de congelar, é que o cronômetro pára a cada lance. O jogo tem quatro quartos, cada quarto tem 15 minutos, ou seja, o jogo tem 1 hora de "bola rolando". Hoje, pra jogarem dois quartos (meia hora) demorou DUAS horas. Basicamente, é assim: um cara dos que ficam agachados arremessa a bola prum companheiro de time que tá mais pra trás. Esse joga a bola pra frente e aí alguém pega e é derrubado, ou sai correndo e é derrubado, ou não pega e a bola cai no chão. Aí pára o cronômetro. Aí cada time faz uma rodinha e um minuto e meio depois a galera agacha de novo e tudo se repete. Na maioria das vezes, entre um e outro ciclo de eventos desse troca o time inteiro (por isso tem quinhentos reservas pra cada lado). Parece futebol de várzea.

O objetivo é chegar com a bola no fundo do campo ou fazer um "gol" (chutar a bola e fazer ela passar no meio de duas varas que ficam altas no fundo do campo). Isso eu entendi. O que eu não consegui entender foi o que fazia um time ou outro ganhar a posse de bola. Desenvolvemos várias teorias, mas nenhuma se confirmou. Também não teve nenhum touchdown (que é quando um carinha pega a bola, sai correndo feito um doido até o fim do campo e joga a bola no chão). Os jogadores fazem dancinhas bizarras quando acertam um lance e dancinhas mais bizarras ainda quando o time faz ponto - o que é bem raro. As cheerleaders eu achei chochas (as dos filmes fazem coisas muito mais legais). A narração é engraçada, os telões mostram quando é pra gritar o que e ficam mostrando os torcedores entre uma pausa e outra do cronômetro.

Sobre o jogo em si: nosso time começou perdendo, mas conseguiu virar no final do segundo quarto. O juiz tava roubando um monte pro time visitante (isso até eu consegui notar). No final do segundo quarto os meus pés estavam completamente congelados (eu não estava sentindo meus dedos), eu já tinha tomado um chocolate quente que não ajudou muito a esquentar, então resolvemos ir embora, porque a coisa lá ia longe. Ajudou na nossa decisão termos entreouvido um torcedor fanático comentar que esse foi o pior jogo que ele já viu na vida. Ver todo mundo enrolado em cobertores também não ajudou muito nosso psicológico.

Enfim, posso dizer que assisti um jogo de futebol americano. Acho que se eu fosse mais algumas vezes e entendesse tudo o que tava acontecendo até poderia gostar.  Mas como não vou ver mais nenhum jogo ever again, é... Valeu pela experiência. 

sábado, 20 de novembro de 2010

Aviso aos navegantes

Se mais alguém tiver críticas a fazer a minha pessoa, ao meu comportamento, às minhas opiniões, ao meu trabalho, aos meus amigos ou a qualquer outro aspecto da minha vida pública ou privada, com conhecimento de causa ou com base em achismo, por favor, tenha a delicadeza de fazê-lo por e-mail, ou então, se realmente quiser tornar a coisa pública, ao menos se identifique, pra coisa ficar honesta. Se puder identificar o ponto específico do post que te incomoda, pra que eu possa responder adequadamente, ajudaria também. Obrigada.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

P.P.S.:

Aos que estão se perguntando: não, eu não vou fazer um blog Na terra de Nether pra contar as aventuras holandesas. Já decidi que vou manter o Na terra de Maria como meu blog oficial de viagem para todo sempre amém.

Cumpra-se.

P.S.:

Eu já falei que eu tou indo pra Holanda? \o/

Sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sexta-feira foi um dia absolutamente incrível. Saí de casa às sete da manhã, com temperatura de -1ºC, pra ir pra DC com o baiano. A programação era fazer uma visita ao interior do Capitólio, talvez ver algum museu do complexo Smithsonian, e depois rumar pra Georgetown University pra assistirmos uma palestra da Jane Grimshaw (uma das minhas ídolas na lingüística).

Foto aqui do condomínio na hora em que eu saí
Pois bem. Lá fomos nós. Em vez de descermos na estação mais próxima do Capitólio, a Capitol South, descemos na Union Station, que também é bem pertinho do Capitólio e é linda. Tínhamos passado por lá uma vez, mas sem câmera pra registrar, então achamos por bem voltar devidamente equipados.

O meião da estação
Tinha um sapato do lado de fora. É, não perguntem...
Os arcos da entrada
A fachada da estação
O frentão da estação
Da estação saímos caminhando até o Capitólio. Como sempre em DC, é só pegar uma rua e seguir reto... rs. No caminho, fotos. É claro.

Ele ficou paradinho na nossa frente até eu sacar a câmera e bater a foto. Depois saiu correndo.
Nossa meta :)
Árvores vermelhas e amarelas - o outono no Brasil vai ser um saco daqui pra frente
Chafariz atrás do Capitólio
Eu e o Capitólio - e a minha capa nova superchique
Obelisco e The Mall
Jardins do Capitólio
Chegamos na entrada do Capitólio um pouco antes de abrir pra visitação. Evidentemente, a entrada é cheia de medidas de segurança: não pode entrar com nenhum líquido, nenhuma comida, nenhuma bebida, nenhum aerosol, nenhum objeto pontiagudo, tem que tirar o casaco e a bolsa pra passar no raio-X e tem que passar pelo detector de metais. Nada que a gente já não esteja acostumado. A essas alturas já fico feliz que ao menos não tem que tirar o sapato.

Lá dentro é tudo mármore e escadarias. Lindo de morrer. A gente entrou numa fila pra ver se tinha vaga disponível pro primeiro tour do dia. Felizmente tinha, e foi muito bom termos ido no primeiro horário: se tivéssemos ido mais tarde provavelmente não teria tido vaga pra gente, porque a maioria das pessoas vai com hora marcada e tava lotadinho quando a gente saiu. 

A primeira coisa que a gente vê quando entra é o Emancipation Hall. Tem uma réplica da estátua que fica em cima do Capitólio e mais um monte de estátuas de pessoas importantes da política americana, desde índios e padres até um astronauta.

Réplica da estátua que fica no topo do Capitólio

Achei engraçado que o nome desse é Po' Pay
Antes de continuar a narrativa, uma curiosidade sobre a estátua que fica no topo do Capitólio: o nome dela é Estátua da Liberdade. Não, não tou zoando. São só as mazelas da tradução. Explico: a Estátua da Liberdade verde que fica numa ilha em Nova York se chama Statue of Liberty. E a estátua branca que fica no Capitólio se chama Freedom. Só que "liberty" e "freedom" significam a mesma coisa em português: liberdade.

A visita guiada começa com um vídeo contando um pouco da história dos Estados Unidos, como se tornou uma nação, as guerras, a construção do Capitólio, a destruição do Capitólio pelos ingleses, a reconstrução do Capitólio, etc. O vídeo também explica um pouco como funciona o legislativo americano, quantos senadores, quantos deputados, essas coisas. Não é muito diferente do Brasil: são 2 senadores pra cada estado e o número de deputados é definido proporcionalmente, só que por distrito em vez de estado. 

O que mais me impressionou durante o vídeo foi que, apesar da quantidade de gente que tinha dentro do auditório (imenso e lindo, mas não podia tirar foto lá dentro pra mostrar pra vocês), e principalmente da quantidade de crianças, não se ouviu um pio durante toda a duração do vídeo. Igualzinho ao Brasil... rs.

Depois do vídeo as pessoas foram divididas em quatro grupos e cada grupo foi guiado por uma pessoa diferente. A gente ganha um fone de ouvido com um dispositivo, e o guia tem um microfone na lapela que transmite só pro seu grupo, quer dizer, cada dispositivo tem uma freqüência própria. Muito bacana. E o nosso guia era muito legal! Tivemos sorte! Ele contou um milhão de detalhes históricos sobre cada sala que a gente visitou. Não vou reproduzir tudo aqui, mas quem quiser saber mais pode consultar o site do Capitólio.

Algumas fotos pra vocês verem. Inclusive as panorâmicas da minha câmera nova!

Olha só que legal essas colunas na super panorâmica!
A Rotunda, sala principal do Congresso
Panorâmica da Rotunda 
Mais Rotunda
A cúpula
Rotunda mais de perto - dá pra caminhar lá em cima, mas claro que não tem acesso pros visitantes
Reagan
Eisenhower
A pintura é tão perfeita que parece alto-relevo. E dá pra caminhar ali em cima também
Inclusive o pintor caiu de lá de cima e se esborrachou, e tiveram que chamar outro pra terminar. Só que não gostaram do rumo que esse outro deu pra pintura, então chamaram um terceiro que finalmente concluiu a obra.
O batismo da Pocahontas - é sério!
Aqui já é outra sala, também cheia de estátuas. Tem um ponto específico que a gente fica parado e sussurra e o som se propaga pela sala toda - que não é pequena! 
Placa em homenagem ao avião que se espatifou no 11 de setembro. Tudo indica que o destino do avião era o Capitólio
Essa salinha era onde ficava a Suprema Corte antes de eles ganharem um predião só pra eles do outro lado da rua
Cripta - a última sala que visitamos
De volta ao Emancipation Hall, uma foto com a minha amiga Freedom

Depois que acabou a visita, resolvemos passar na lancheria pra comer alguma coisa. Não tinha muitas opções salgadas, então peguei um bagel com gergelim, semente de papoula e outras coisinhas gostosas em cima e enchi de manteiga e cream cheese. Vou falar pra vocês: foi o melhor bagel que eu já comi. O café, em compensação, era uma merda, como sempre. Fraaaaaco que era uma desgraça e o gosto não era nada bom. Pra piorar, aqui a gente não compra café com leite (só na Starbucks). A gente serve o café no copo e o leite fica no balcão pra gente colocar o quanto quiser. Só que além de uma gota ser suficiente pro café ficar branco, ainda por cima eles colocam leite frio no café. Eca eca eca eca!

Depois de comer, a gente atravessou o túnel subterrâneo que liga o Capitólio à Biblioteca do Congresso (sim, tem um túnel subterrâneo). Fomos dar mais uma espiada na biblioteca pra matar a saudade:


Para nossa máxima surpresa, estava em exposição no salão principal da biblioteca nada mais nada menos do que a Bíblia de Gutemberg. Sim, o primeiro livro do mundo feito numa prensa de tipos móveis, em latim vulgar. A bíblia é enorme, linda, tem tipos coloridos e tudo, muito muito muito legal. E não era fac-símile, era a original mesmo. Incrivelmente bem preservada, óbvio que tava numa redoma de vidro e não podia fotografar. Mas foi uma emoção sem precedentes. Quase chorei.

Saímos do Jefferson Building, que é o prédio principal da biblioteca, e fomos pro Madison Building, do outro lado da rua, fazer o cadastro pra podermos acessar os livros e a tão sonhada sala de leitura. 

Fachada lateral do Jefferson Building
Adams Building, fica atrás do Jefferson e também faz parte do complexo da Biblioteca
Lateral do Jefferson Building
Inscrição na fachada do Madison Building: "o conhecimento para sempre governará a ignorância, e um povo que pretenda ser o seu próprio governante deve se armar com o poder que o conhecimento dá"
Entrada do Madison
Eu achei que fazer a carteirinha ia ser a maior burocracia do universo, que iam perguntar detalhes específicos da pesquisa que eu queria desenvolver e que iam me prender e me deportar pra Guantanamo se eu não tivesse uma resposta cem por cento na ponta da língua. Mas não tem nada disso: a gente entra, preenche uma ficha, preenche um cadastro no computador, senta na frente de um tiozinho, tira uma foto e em 60 segundos a carteirinha tá na mão. A eficiência me deixou ainda mais emocionada! :D

Na frente do Jefferson, de carteirinha na mão :)
Todos os prédios são interligados por corredores subterrâneos, nos quais tem até lancherias. Ficamos sabendo que se a gente quiser pode até mandar levar livros de um prédio a outro pras nossas pesquisas e podemos inclusive mandar reservar uma prateleira pra deixar o nosso material à mão enquanto durar a pesquisa. Coisa de primeiríssimo mundo. Na verdade o que eu quero mesmo é poder sentar pra estudar na sala de leitura principal do Jefferson, apesar de saber que não vou estudar porque vou ficar muito embasbacada olhando a beleza que é aquela sala... hehehe. 

Não tínhamos tempo pra entrar na biblioteca e pesquisar nada, então paramos na frente do Jefferson pra tentar acessar uma internet free no Obamis e ver o melhor roteiro pra chegarmos em Georgetown. Consegui acessar a internet da biblioteca e dei de cara com um e-mail comunicando que eu ganhei a bolsa pra passar três meses na Utrecht University no início do ano que vem! Comecei a gritar feito uma desesperada na frente da biblioteca e só parei porque fiquei com medo que os helicópteros do governo surgissem do nada, me capturassem e me levassem pra Guantanamo (sim, esse é um medo constante por aqui. "eles" tudo sabem e tudo vêem).

Como ninguém além de mim, do Sr. Anônimo, dos meus pais, do meu orientador e do baiano sabe dessa história, deixa eu contar. Logo que eu cheguei aqui, o meu orientador me mandou um e-mail dizendo que a Utrecht University, da Holanda, tava oferecendo três bolsas curtas, de três meses, pra pesquisadores da USP e da Autônoma do México, pra estreitar os vínculos de cooperação entre as universidades. Meu orientador tem um vínculo de cooperação com um professor de lá, que por sinal se chama Norbert Corver (pra quem não lembra, o meu orientador daqui se chama Norbert Hornstein. Acho que são os dois únicos Norberts da lingüística gerativa, e os dois vão ser meus co-orientadores na tese. Não é genial?), e sugeriu que eu me candidatasse à bolsa. Eu me candidatei sem muita esperança, afinal quem é que vai dar dinheiro pra pesquisa lingüística, não é mesmo? Mas acabei ganhando uma das bolsas, porque julgaram que o meu projeto de pesquisa tem tudo a ver com a pesquisa que o pessoal tá desenvolvendo lá. E tem mesmo! Depois que eu vi quem são os professores de lá fiquei louca pra ganhar a bolsa, porque realmente tem tudo a ver com a minha pesquisa. Tou muito feliz!!!!

Provavelmente vou escrever mais sobre isso em breve, então continuemos o relato do dia. Não, não acabou! Ainda tem mais emoções pela frente!

Pegamos o metrô pra Georgetown na Capitol South, que tem uma escada rolante imensa!

Mas não é a maior de todas. Aguardem o final do post!
Depois pegamos um ônibus. Enquanto esperávamos, olha só o que passou pela gente:

Veículo policial superdescolado :)
Já em Georgetown, fomos na loja da Apple bisbilhotar, pra não perder o costume, e depois fui na Banana Republic gastar uns dólares em calças de lã de alfaiataria, quentes e chiques. Comprei uma tamanho 2 e uma tamanho 0 (sim, o menor tamanho, a 2 ficou grande demais), mas as duas ficaram lá pra fazer bainha. Devo buscar na sexta.

Caminhamos até a universidade, que é linda, mas da qual não bati fotos porque estávamos em cima da hora. A palestra foi muito legal, a Grimshaw é ótima lingüista e ótima palestrante também. Eu adorei! 

E mais: a palestra já tinha começado quando entrou na sala o Grant, um cara que a gente conheceu em Seattle, em março, no congresso que a gente foi. Eu tinha avisado pra ele por e-mail que a gente vinha pra cá fazer doutorado-sanduíche, e ficamos de nos encontrar, mas depois nosso calendário todo pra vir pra cá atrasou e nunca mais a gente trocou e-mails. Ele não viu a gente na sala, mas depois da palestra teve um happy hour no bar que tem dentro da universidade (sim, amigos brasileiros, tem um BAR dentro da universidade) e aí a gente pôde conversar com ele e relembrar os bons tempos de Seattle... hehehe.

(Na verdade a gente se conheceu no último dia do congresso em Seattle. Saímos pra comer perto do mercado central, fomos tomar um café na primeira Starbucks do universo, superlotada, demos uma volta pelo mercado e pela loja de souvenires e por fim, como não parava de chover, entramos num bar e lá ficamos a tarde inteira.)

Foto pra registrar o reencontro com o Grant, agora papai da Camila (e pra provar que há um bar na universidade)
Também pudemos bater um papo com a Grimshaw. Contei pra ela que o Extended Projections, artigo dela superfamoso na área, foi um dos primeiros textos da área que eu li, ainda quando tava na graduação. Em contrapartida, ela contou que adora o Yamandu Costa, um violonista clássico gaúcho superfodão que nasceu em... Passo Fundo. Praticamente meu conterrâneo. O mundo é muito pequeno!

Saímos do bar às seis, mas tava tão escuro que parecia dez da noite. Comentei com o Grant que achava bizarro anoitecer tão cedo, e ele disse que no inverno sempre sente sono muito cedo, porque anoitece cedo demais. Fiquei feliz em saber que os nativos compartilham a minha dor :)

Da universidade pegamos um ônibus de graça até a estação de Dupont Circle, que tem a maior escada rolante que eu já vi. Sério. Olhem a foto abaixo e comparem com a de Capitol South, que já é maior do que as demais. Não contei quanto tempo demora pra descer tudo, mas deve ser uns três minutos no mínimo. Bem que o nosso orientador tinha dito que essa estação valia a pena conhecer, só por causa da escada.


A volta pra casa, milagrosamente, foi muito rápida. Cheguei morta, só enfiei o pijama e me joguei na cama. Emoções cansam!