domingo, 19 de setembro de 2010

Meus livros, minha vida

Entonces que ao voltar de NY eu resolvi comprar alguns livrinhos pela Amazon. Ou melhor dizendo, eu já tinha decidido, só precisava ter certeza de que NY não faria um estrago na minha conta bancária. Não fez.

Lá fui eu então escolher os livros e os fornecedores. Resolvi comprar seis: os clássicos Syntactic Structures, Aspects, Pisa Lectures e Logical Structure of Linguistic Theory, do Chomsky; A Theory of Syntax, do meu querido orientador Norbert Hornstein; e last but not least o Mathematical Methods in Linguistics, de Partee, Ter Meulen & Wall, esse último um sonho antigo realizado pela bagatela de 13 dólares - e com capa dura! Sim, podem babar.

Fazendo as contas e recontas, acabei decidindo comprar três com a Amazon mesmo e três de outros fornecedores. Os da Amazon tavam programados pra chegar via empresa de courier em dois dias, o que significava que iam chegar na sexta. Perfeito, sexta eu podia ficar em casa pra receber. Os outros três iam vir pelo correio normal e podiam demorar até dia 29, mas esses o carteiro põe direto na caixinha, não precisa ficar esperando em casa.

Ok, na sexta fiquei em casa pra esperar minhas encomendas lindas e maravilhosas. Aproveitei pra assistir a sabatina do Serra, limpar a casa e estudar. Tá. Quase meio-dia e nada ainda do caminhãozinho marrom chegar, fui fazer almoço. Cheguei na cozinha e vi pela janela o caminhãozinho marrom estacionado aqui na frente. Fiquei só esperando baterem na porta. Nada. Daqui a pouco olho pra rua e lá se vai o caminhãozinho marrom sem me entregar meus ricos livrinhos. Não pude acreditar!

Corri pro site da Amazon e tava constando lá que tinham tentado entregar, mas o endereço tava errado. Como assim, Bial? Entrei lá no meu cadastro e o site simplesmente tinha sumido com a segunda linha do meu endereço, que é onde a gente informa o fundamental, imprescindível número do apartamento.

Imediatamente me toquei que os livros que vinham pelo correio teriam exatamente o mesmo problema. Entrei em pânico total de pensar que os livros podiam voltar pros donos e que eu teria que comprar tudo de novo, o que obviamente não ia poder acontecer porque eu ainda não fiquei milionária nos Estados Unidos. Entrei em contato com os meus vendedores pra ver se alguém tinha solução pro meu problema. Depois entrei no site dos correios e comecei a ligar pra tudo quanto era número até conseguir ser atendida por um humano que me redirecionou pra outros humanos que não tinham solução pro meu problema. A moça que me atendeu foi muito solícita, mas sugeriu que eu "corresse atrás do carteiro". Ótima solução, se eu soubesse o dia exato em que as encomendas iam chegar.

Finalmente, fui atrás de descobrir o telefone do meu correio local, o que implicava descobrir qual era o meu correio local. Descobertas as informações no site dos correios, lá fui eu ligar. A moça foi bem atenciosa, rastreou dois dos três pacotes (que tinham número de rastreamento) e descobriu que eles tavam na rua já, pra serem entregues. Solução: ficar de tocaia na janela esperando o carteiro passar. Quando o caminhãozinho chegou eu me despenquei lá pra baixo (não sei como não sofri um acidente fatal na escada) e ataquei o carteiro. Perguntei se ele tinha alguma coisa pro número 3421 sem apartamento e ele respondeu um siiiim, com aquela cara complacente de quem tá na frente de uma pessoa completamente desmiolada. E pra minha surpresa lá estavam os três pacotes, chegando muitas luas antes da data prevista. Foi legal que eu já fiquei amiga do carteiro também.

Resolvida essa parte do problema, lá fui eu então ligar pra empresa courier pra ver o que fazer dos outros três livros. A moça também foi muito atenciosa, mas me disse que o tipo de encomenda não permitia que ela alterasse o endereço pra eles me reentregarem. A solução era eu ir na sede deles buscar os meus pacotes. Lá fui eu pesquisar onde fica (e descobrir que é em outra cidade, relativamente perto, mas um trampo pra ir de ônibus). Acabei indo lá na segunda-feira, acompanhada pelo meu fiel escudeiro baiano. Três ônibus e duas horas pra ir, dois ônibus e uma hora e meia pra voltar, e eis que eu estava de posse de todos os meus livrinhos queridos.

Resumo da ópera: foi O trampo, mas eu consegui ter todos os meus livrinhos. E consegui também comprovar a eficiência dos serviços aqui nos Estados Unidos. Fiquei bem feliz :)

Um comentário:

Luciana disse...

Adorei a cena: "Ficar na janela esperando o carteiro passar..."
Eu teria dormido, certamente...
Bom, com certeza estava dormindo quando passou o príncipe, mas isso é outra histíria...