quinta-feira, 15 de julho de 2010

Da viagem

Como diria Jack, o Estripador, vamos por partes:

Parte I: a viagem São Paulo - Rio

Era pra sair 16:35. Às 15 pras 4 despedidas, choro, etc, lá vou eu pra sala de embarque. E vejo no painel que o vôo, que estava confirmado, tinha mudado pra "mínimo 1 hora de atraso". A primeira sensação foi de raiva de não ter ficado mais tempo lá fora; a segunda, de desespero de perder meu vôo no Galeão. Aí anunciaram que sairia 17:35. Menos mal. O avião chegou, tava uma chuva horrível, todo mundo embarcou, o avião foi pra cabeceira da pista... e decolou mais de meia hora depois, às 6 da tarde. Decolou e sacudiu, sacudiu, sacudiiiiiiu... A ponto de não ter nem serviço de bordo. Desembarquei no Galeão às sete horas.

Parte II: a viagem Rio - Charlotte

Já no Galeão corri pras esteiras, resgatei minhas três "malinhas" e corri pro check-in da US Airways. Antes fui pRastificar as malas com ProtecBag®, depois lá me fui pro check-in, que felizmente tava deserto. A guria da companhia perguntou se tinha um Felipe na minha família, que já tinha sido fisioterapeuta dela, que curou a enxaqueca dela e ela queria consultar de novo mas tinha perdido o contato, pode isso? Fiz o check-in e ela me mandou direto pro embarque, porque o processo de imigração demora um pouquinho. Fui, passei no guichê da polícia e fui procurar um lugar pra fazer um lanche e comprar uma água. Quem disse que tinha? Três free shops e nenhuma lancheria. Entrei no avião morrendo de fome e sede. Constatei que a minha poltrona era na penúltima fileira do avião. Sentei. E aí veio a horda de excursionistas da Disney e sentou bem em volta de mim. Adolescentes e adultos ensandecidos, que nunca tinham andado de avião, que ficavam berrando e querendo trocar de lugar o tempo todo. As aeromoças deram um piti porque se não tá todo mundo sentado o avião não sai, mas claro que não adiantou. O resultado foram 40 minutos de atraso.

Quando finalmente decolamos, adivinhem? Mais turbulência! O serviço de bordo pro jantar começou às onze da noite. Eu já tava com o estômago colado nas costas a essas alturas, sem contar o sono. E que serviço de bordo mais leeerdo! Um carrinho só de cada lado do avião, e começava pela frente. Meu jantar chegou nas minhas mãos quase à meia noite, e até levarem embora a bandeja já era uma da manhã. E como não tinha programação personalizada com uma telinha pra cada passageiro, nem dava pra assistir tv, porque o filme que tava passando era horrível. Coloquei meus tapa-olhos e tapa-ouvidos e tentei dormir, mas se os disney-toscos já estavam transitando no corredor durante o serviço de bordo, atrapalhando completamente as comissárias, imagina depois que acabou! Esbarraram em mim a noite toda, gritaram a noite toda, um horror! Depois não sabem por que que tem tanto preconceito contra brasileiro no exterior.

Parte III: a viagem Charlotte - Washington

Buenas, o vôo chegou às seis da manhã, hora local (5 da manhã no Brasil). Desce todo mundo e vai pra fila da imigração. Tinha 10 guichês atendendo os americanos e UM atendendo os brasileiros. Vos soa familiar? Mas o que eu mais achei engraçado foi os disney-toscos reclamando que iam perder a conexão pra Orlando, que saía 7:40. Bu-hu! Sinceramente, me estressei de perder meu vôo, mas achei bem-feito pra eles perderem o deles também, afinal foi por causa da algazarra deles que o vôo atrasou.

No fim fui atendida às 7:20. Minha conexão pra Washington saía às 7:35. Meu horário de embarque era às 7:05. O atendimento foi vapt-vupt, o cara perguntou o motivo da viagem, respondi, ele olhou meus documentos, não perguntou mais nada, carimbou e disse adeus. Saí correndo pra pegar as malas na esteira e passar pela alfândega pra depois correr pra sala de embarque da conexão, mas claro que não ia dar tempo, então o funcionário da companhia que tava por ali me remarcou pras 11:45 sem problema. Redespachei as malas ali mesmo e subi pra encarar a nova fila pra sala de embarque. Aqui as coisas são mais chatas: além de tirar todos os objetos de metal (até pulseira dispara o sensor), tem que tirar da bolsa o saquinho ziploc com os líquidos até 100ml (que é tudo que pode ir na mão), o computador, o calçado, casaco e até a echarpe. Vai tudo pra esteira. Um saco e um transtorno, demoradíssimo. Entrei, calcei o tênis e corri pra starbucks pra tomar um café com muffin (o café do avião, claro, tava horroroso). Sentei por lá e usei a internet free do aeroporto (Infraero, aprenda!) até acabar a bateria do computador. Depois dormi com as pernas pra cima da mala de bordo até chamarem meu vôo. Aviãozinho pequeno (70 lugares), vôo de uma horinha, mas foi uma das melhores partes da viagem: o comissário era muito divertido! Fez piada o tempo todo, ri muito. Total quebra de protocolo. Um copo de coca-cola e muitas risadas depois, chegamos.

Parte IV: a viagem Washington Dulles - College Park

Lá fui eu pegar minhas malinhas e descobrir que naquele aeroporto o carrinho custa US$3. Como tava pertinho da saída, levei as três malas no muque mesmo. Foi fácil. Cheguei no balcão do SuperShuttle louca de medo de ter que pagar de novo, afinal tinha feito reserva pras 9 da manhã. Mas como aqui é os Estados Unidos, no problem: em dez minutos tinha um shuttle pra mim. Arrastei as malas do aeroporto até o shuttle (essa parte não foi fácil) e sentei do lado de um tiozão gordão com cara de middle-eastern (ou seja, um típico americano). Na hora ele puxou conversa comigo e vim batendo papo com ele, falando sobre as universidades americanas, as brasileiras, administração e economia, lucro, a mentalidade da área de humanas, as filhas dele, etc. Quando vi estávamos em Washington, D.C., a capital dos Estados Unidos. Vi o Lincoln Memorial, o obelisco e a Casa Branca. Sim, eu passei na frente da Casa Branca! Gente, Washington é linda e eu fiquei louca pra ir conhecer. Aí o tiozão desceu e rumamos pra College Park. Desci na frente do prédio da administração do condomínio, arrastei minhas três malas pra dentro (subindo escadas, inclusive), peguei a chave e quando tava prestes a sair e arrastar minhas malas rua afora até o meu prédio e depois escada acima até o terceiro andar, fui salva pelo carteiro. Gente, o cara se ofereceu pra me ajudar, levou as malas, subiu com elas e nem quis aceitar a gorjeta que eu queria dar pra ele. Muito gente boa.

Entrei e imediatamente desfiz as malas e comecei a organizar minhas coisas. A Azadeh (minha housemate) chegou, conversamos um pouco, continuei arrumando minhas coisas, aí fui tomar banho e resolvi comer alguma coisa. Ela me cedeu a comida dela e fizemos lanche juntas, conversando. Achei ela muito simpática e prestativa, e superempolgada porque eu sou do Brasil. Ficamos falando do Brasil, da Pérsia (ela é persa), ela se ofereceu pra me levar no mercado e numa loja no final de semana pra comprar as coisas que eu preciso e me ofereceu carona pro campus pra hoje de manhã. Ela saiu pra aula às sete e meia e eu assisti um pouco de tv e desmaiei na cama. Detalhe: às oito ainda tinha sol!

Eu ia contar do primeiro dia na faculdade nesse post, mas tá enorme já, então vou postar em outro pra não ficar muito gigantesco. Continuem acompanhando!

2 comentários:

Clark disse...

Tá, eu continuo curioso: a Pérsia não é (mais) um país! Ela diz que é persa para evitar o preconceito por ser iraniana ou iraquiana? rs

Leo disse...

boa pergunta! hoje ela falou que é do Irã.